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Chupeta, mamadeira e paninho: como se livrar dos apegos da criança?

Dr. Sylvio Renan

06/05/2018 16h49

Crédito: iStock

É comum que bebês e até crianças carreguem alguns objetos pelos quais tem imenso carinho e apego, mas o assunto merece atenção para entender quais são os prós e contras disso no desenvolvimento e saúde infantil

Antes de entrar na questão se tal comportamento é saudável ou não, é preciso acalmar os pais e reforçar que é natural os filhos "adotarem" esses objetos, criando o hábito de levá-los à boca. Isso ocorre porque no primeiro ano de vida todas as experimentações se dão por meio dela, a chamada fase oral. É através dos lábios que os bebês conhecem a temperatura dos objetos, sua forma, textura e sabor.

A chupeta e a mamadeira são os campeões de apego dos pequenos, por serem objetos de sucção que são associados ao sentimento de segurança e tranquilidade que as crianças sentem desde que receberam o leite materno do seio da mãe.

Como pai e avô, eu entendo as necessidades da vida familiar, pois em muitos casos as mães não conseguem ficar os seis meses junto ao bebê, fazendo mamadeira e chupeta entrarem em cena na intenção de apaziguar a criança, que sente o impacto da ausência dos pais ao longo do dia.

No entanto, como médico, atento sempre para a saúde oral da criança. Após os três anos de idade é importante que a mamadeira e a chupeta não sejam mais usadas. É quando a formação da musculatura oral está se fixando e ambos podem alterar a arcada dentária e a posição dos dentes, acarretando em problemas futuros que precisarão de apoio odontológico e de um fonoaudiólogo.

Quanto mais os pais problematizarem o comportamento do pequeno, mais difícil será o abandono do objeto. Isso porque, muitas vezes, a criança entende o "chamar atenção" como "dar atenção" e assim permanecerá com o comportamento que traz a atenção dos pais.

A dica é demonstrar interesse, dar atenção e carinho para a criança enquanto estiver sem os objetos e fazer o contrário quando estiver com o paninho, a chupeta ou o brinquedo.

É um processo demorado, com provável choro e birra, mas valerá a pena. O mais comum é que a partir dos dois anos de idade tais hábitos sejam abandonados, naturalmente, pelas crianças – onde muitas vezes permanece algum objeto (boneca, paninho, cobertor, etc.), o que não significa qualquer desvio de normalidade. Com o tempo e o crescimento, a criança descobrirá outras formas de se entreter e passará a lembrar do item apenas como recordação.

Importante lembrarmos que nenhum remédio, tecnologia, brinquedo ou paninho é tão calmante para bebês e crianças quanto a atenção e o carinho dos pais. É preciso que esse combo de amor esteja presente antes e depois do mau comportamento, para que a correção seja respeitada e o desenvolvimento não seja traumático nem para o pequeno e nem para os pais.

Até a próxima,
Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros

Sobre o autor

Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros é autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas - Do nascimento aos 12 meses" e do livro “Pediatria Hoje”|Formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializações e títulos pela Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric Service da University of California - Los Angeles (Ucla). Atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos.

Sobre o blog

O objetivo deste blog é fornecer informações básicas relacionadas à área da pediatria. São abordados, de forma didática, temas que permeiam o universo da saúde da criança, como primeiros cuidados, doenças mais comuns, vacinação e alimentação. Desta forma, não visa receitar qualquer conduta médica, mas sim proporcionar conhecimento para que os visitantes tenham mais autonomia na escolha de um pediatra para seus filhos.

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