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O colo que transmite ao bebê segurança e conforto precisa ser controlado?

Dr. Sylvio Renan

11/03/2018 04h00

Crédito: iStock

O colo dos pais, dos avós ou dos tios é sempre bem-vindo pelos bebês, que desta forma se sentem acolhidos, protegidos e amados. Muitos pais, porém, me questionam se deve existir algum limite para esse carinho. Respondo que sim, pois precisamos aprender a identificar quais são os momentos em que o colo é necessário e quando deve ser dosado.

Os recém-nascidos estão em constante formação, mesmo fora da barriga da mãe, e dependem física e emocionalmente dos pais porque ainda se sentem inseguros com o novo ambiente, sons, luzes e movimentação. O calmante para as aflições, que podem se manifestar em forma de choro, cólica ou extremo silêncio, é justamente o colo, principalmente, o da mãe, que é com quem o bebê estabelece maior sintonia desde a gestação.

Cada vez mais, hospitais e médicos sugerem o colo dos pais para ajudar no desenvolvimento de bebês prematuros. Em 2017, foi apresentada pela Universidade Harvard, nos Estados Unidos, uma revisão de 124 estudos do "método canguru", que consiste em usar menos máquinas incubadoras em recém-nascidos e mais o colo dos pais, e que concluiu que há melhora na estabilização da frequência cardíaca e respiratória da criança, diminuindo também a mortalidade dos prematuros em até 36%.

A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que, durante os primeiros meses de vida a oferta de colo ao bebê seja irrestrita e os pais devem oferecê-lo aos seus filhos sempre que solicitado, pois se ele  chora e está bem alimentado, o contato físico será altamente benéfico, seja pelo contato físico em si, seja pelo conforto de ter quem lhe proteja. Com o amadurecimento natural, o bebê vai-se tornando cada vez mais confiante, podendo-se aí trocar o colo por afagos, palavras de carinho, canções, leituras de livros etc.

Em meu último livro, Pediatria Hoje, menciono que um dos remédios para cólicas, comuns até os três meses de idade do bebê, é o contato com os pais, o que costuma apaziguar o incômodo. O colo não faz bem somente para o bebê, mas também para a mãe, que ao se sentir tranquila durante a troca de afeto, pode realizar  melhor a amamentação, evitando assim problemas que possam dificultar ou até mesmo interromper o aleitamento materno.

De maneira geral, após o primeiro ano de idade, deve-se prestar atenção ao comportamento da criança que, embora já tenha aprendido sobre seus limites (de horário para dormir, das refeições, onde pode e não pode mexer), pode usar o colo para chamar atenção. Nessa situação, reforço o quão importante é que os pais mensurem sempre a dosagem desse "chamar atenção", para que a criança não banalize quando for corrigida pelos pais.

Como se vê, o colo apresenta mais benefícios para a saúde e formação emocional dos bebês que malefícios ao comportamento e sociabilidade da criança.

Até a próxima,

Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros

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Sobre o autor

Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros é autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas - Do nascimento aos 12 meses" e do livro “Pediatria Hoje”|Formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializações e títulos pela Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric Service da University of California - Los Angeles (Ucla). Atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos.

Sobre o blog

O objetivo deste blog é fornecer informações básicas relacionadas à área da pediatria. São abordados, de forma didática, temas que permeiam o universo da saúde da criança, como primeiros cuidados, doenças mais comuns, vacinação e alimentação. Desta forma, não visa receitar qualquer conduta médica, mas sim proporcionar conhecimento para que os visitantes tenham mais autonomia na escolha de um pediatra para seus filhos.

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