Dia Mundial da Amamentação: Aleitamento Materno
Dr. Sylvio Renan
01/08/2016 18h41
Hoje é comemorado o Dia Mundial da Amamentação, onde irei explicar porque algumas mães optam por não amamentar e outras passam pelo desmame precoce. De acordo com a OMS (Organização Mundial de Saúde), em associação com a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o aleitamento materno é fundamental nos primeiros seis meses de vida das crianças. Nesta fase é necessário apenas o leite materno como alimento. Contudo, há algumas mães que não desejam amamentar, e outras não conseguem por falta de leite.
O que é recomendado em casos como estes e como nós pediatras devemos orientar as mães a lidarem com essas situações sem prejudicar a saúde dos bebês? Além de a amamentação proporcionar diversos benefícios para os bebês e para as mães, este é o alimento mais completo e equilibrado que existe no início da vida, e contribui para a boa formação do sistema imunológico de uma criança. Para as mães, por outro lado, é um modo de prevenção de doenças cardiovasculares e de alguns tipos de cânceres, e ainda colabora para uma perda de peso mais rápida.
O fato de algumas mães optarem por não amamentar ocorre por inúmeras razões, como não sentir vontade, medo de não fazer direito, dor, preservação dos seios, depressão pós-parto ou crença familiar, que é o que ocorre quando algum parente próximo relata uma má experiência ou julga o ato desnecessário e, desta forma, influencia a lactante.
Para a mulher, essa fase pode conter muitas dúvidas e inseguranças. Neste período, é importante o apoio do pai da criança e da família de ambos, que devem cercar a mãe de muito carinho, ajuda e incentivo para o aleitamento materno. Eu como pediatra tenho como função convencer as mamães, após o parto, que o leite materno é a forma mais natural, barata e nutritiva para oferecer ao seu bebê.
Caso a decisão de não amamentar já tenha sido tomada, nós profissionais devemos orientar a mãe de que forma poderá substituir o alimento, seja pelo leite industrializado ou fórmulas derivadas do mesmo, com retirada de nutrientes menos adequados ao bebê e introdução de substitutos de maior digestibilidade (absorção de nutrientes) e menos alergênicos.
O leite das 'fórmulas' ou mamadeiras, por ser o leite industrializado modificado, pode provocar entre outros quadros alergia à proteína do leite de origem animal (que não é a idêntica à do leita materno), provocando desde eczemas até quadros intensos de asma. Isto ocorre com mais frequência quanto mais cedo o bebê começa a ingerir o leite de mamadeiras. Por isso é preciso orientação correta e acompanhamento.
Desmame Precoce
Em paralelo a essa realidade, existem alguns problemas comuns que interrompem a amamentação contra a vontade da mãe, como a mastite (infecção das mamas), que leva ao desmame precoce devido à dor que provoca e ao risco de infecção ao bebê, e ainda quando os mamilos são mal formados, por falta da produção de leite, internações prolongadas da criança, volta da mãe ao trabalho ou depressão pós-parto.
Para os casos do desmame precoce, decorrente de algum problema com a mãe, existem vários estímulos para o leite não secar, como beber bastante líquido, manter uma alimentação saudável e fazer exercícios de massagem nos seios. Retirar o leite e insistir que o bebê pegue o peito também são estímulos, mesmo quando se tem apenas o colostro.
As mães devem respeitar os seis meses de amamentação indicados pela OMS, para proporcionar uma melhor saúde aos seus filhos. A Organização Mundial de Saúde preconiza o aleitamento materno do nascimento até o bebê completar seis meses. Depois deste período é possível oferecer outros alimentos, mas vale persistir no leite materno como única fonte de alimentação até o primeiro ano de idade. Em alguns casos, como em regiões mais pobres do planeta, a orientação é que o aleitamento materno seja estendido até os dois anos de idade.
Cartilha sobre amamentação e alimentação complementar
Sobre o autor
Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros é autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas - Do nascimento aos 12 meses" e do livro “Pediatria Hoje”|Formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializações e títulos pela Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric Service da University of California - Los Angeles (Ucla). Atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos.
Sobre o blog
O objetivo deste blog é fornecer informações básicas relacionadas à área da pediatria. São abordados, de forma didática, temas que permeiam o universo da saúde da criança, como primeiros cuidados, doenças mais comuns, vacinação e alimentação. Desta forma, não visa receitar qualquer conduta médica, mas sim proporcionar conhecimento para que os visitantes tenham mais autonomia na escolha de um pediatra para seus filhos.