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É natural bebês sentirem ciúme dos pais, irmãos e até de brinquedos

Dr. Sylvio Renan

22/04/2018 04h00

Crédito: iStock

A partir dos dois anos de idade as crianças começam a demonstrar comportamentos para além dos estímulos de fome, dor ou sonolência; surgem então as manhas, as birras e o ciúme. Alguns pais não sabem lidar com a recente mudança de comportamento dos filhos, que antes eram mais ativos e brincalhões, passando ao isolamento no próprio quarto ou na área de brincar, com a presença de certa apatia e tristeza.

Preocupados, os pais acreditam que a situação pode se tratar de alguma infecção ou outra doença, porém não é raro quando pergunto às mães se estão grávidas e a resposta é sim. Eis aí boa parte da razão de a criança estar tão diferente: ciúme.

Ao saber da chegada do irmãozinho(a), os filhos mais velhos tendem a se sentir inseguros quanto ao amor e a atenção dos pais e, principalmente, da mãe que dedicará mais tempo ao bebê. A criança pode exprimir insegurança através do silêncio, da falta de apetite e, em alguns casos, com atitudes agressivas e/ou mal-educadas, direcionadas aos pais, familiares próximos e até mesmo ao recém-nascido.

Para evitar essas situações oriento os pais que estão planejando o segundo ou o terceiro filho que se lembrem de manter a conversa diária com o primogênito. Converse sobre sua importância na vida do irmão e como poderá ajudar nos cuidados com o novo membro, gerando assim o senso de responsabilidade e participação que pode diminuir o sentimento de estar sendo deixado de lado.

Outra manifestação de ciúme, comum nessa idade, é com os brinquedos (todos ou algum em específico), em que a criança não permite que outras se divirtam com aquilo que lhe pertence. Tal atitude nada mais é que o pequeno externando o medo que sente quando sai do ambiente que julga seguro, como a própria casa, e se vê em algum local desconhecido ou que ainda não se sinta seguro – como a creche, casa de familiares ou amigos da escola.

Nestes casos é bom se certificar, primeiramente, sobre a segurança do local e orientar o seu filho a respeito da nova situação, seguindo com a explicação da importância em compartilhar seus brinquedos com outras crianças, para fazer novas amizades e juntos aumentarem as opções de diversão e brincadeiras.

Em geral, esse sentimento faz parte de um processo natural no desenvolvimento das crianças que, se bem orientadas, poderão desenvolver atitudes positivas e se empenharem para ser mais sociáveis com os amigos e mais participativos na vida dos irmãos. A conversa é sempre o caminho para uma relação saudável.

Até a próxima,

Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros

Sobre o autor

Dr. Sylvio Renan Monteiro de Barros é autor do livro "Seu bebê em perguntas e respostas - Do nascimento aos 12 meses" e do livro “Pediatria Hoje”|Formado pela Faculdade de Medicina do ABC. Especializações e títulos pela Unifesp/EPM, Sociedade Brasileira de Pediatria e General Pediatric Service da University of California - Los Angeles (Ucla). Atuou por quase 30 anos no Pronto Socorro Infantil Sabará e foi diretor técnico do Hospital São Leopoldo, cargo que deixou para se dedicar ao seu consultório, a MBA Pediatria, e à literatura médica para leigos.

Sobre o blog

O objetivo deste blog é fornecer informações básicas relacionadas à área da pediatria. São abordados, de forma didática, temas que permeiam o universo da saúde da criança, como primeiros cuidados, doenças mais comuns, vacinação e alimentação. Desta forma, não visa receitar qualquer conduta médica, mas sim proporcionar conhecimento para que os visitantes tenham mais autonomia na escolha de um pediatra para seus filhos.

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